Empresário executado em pastelaria era alvo de operação que apura desvio de R$ 10 milhões da Saúde de Goiânia
O empresário Fabrício Brasil Lourenço, de 49 anos, foi assassinado na noite do último sábado (4) em uma pastelaria no Bairro Feliz, em Goiânia. Ele era um dos alvos da operação “Speedy Cash”, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás para investigar o desvio de R$ 10 milhões da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia.
Segundo as investigações, Fabrício era conselheiro administrativo da associação União Mais Saúde, uma das principais entidades envolvidas no esquema. O delegado Vinícius Teles, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), afirmou que os assassinos estudaram a rotina do empresário antes do crime. “Há indícios de que ele se sentia ameaçado, pois havia se mudado para um apartamento e adquirido um carro blindado. Essa circunstância nos leva a crer que ele estava se precavendo de algum atentado”, disse.
A Polícia Civil trabalha com várias linhas de investigação, incluindo a hipótese de que o homicídio esteja relacionado às ameaças que Fabrício vinha recebendo. Ele foi citado no inquérito da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), que apontou desvios milionários praticados por servidores e gestores públicos da Saúde de Goiânia.
A operação teve como principais alvos o ex-secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, e o ex-secretário executivo, Quesede Ayres Henrique, suspeitos de desviar R$ 10 milhões por meio de um convênio firmado com a União Mais Saúde. Segundo a PC, o presidente da entidade, Marcus Vinícius Brasil Lourenço, transferiu cerca de R$ 6,4 milhões para uma empresa de materiais hospitalares e outros R$ 2,6 milhões para contas da própria associação. Parte desses valores teria sido repassada a outros investigados, incluindo Fabrício.
Convênio suspenso pelo TCM-GO
Em setembro do ano passado, o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) suspendeu o convênio nº 259/2024 entre a Prefeitura de Goiânia e a União Mais Saúde. A medida cautelar, assinada pelo conselheiro Fabrício Motta, apontou fortes indícios de irregularidades, como a ausência de licitação e a execução acelerada do contrato.
O TCM determinou ainda a indisponibilidade dos bens da entidade, para garantir o ressarcimento de R$ 5 milhões já pagos pela Secretaria de Saúde. O Ministério Público de Contas e a Procuradoria-Geral do Município também haviam alertado sobre falhas técnicas e a destinação irregular de até R$ 3 milhões para despesas administrativas e advocatícias — o que contraria o caráter sem fins lucrativos da associação.
Execução filmada
O crime aconteceu por volta das 21h30, quando Fabrício colocava sacos de lixo na calçada, em frente à pastelaria de sua propriedade. Câmeras de segurança registraram o momento em que dois atiradores se aproximam e disparam várias vezes, fugindo logo em seguida.
O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas, ao chegar ao local, encontrou a vítima inconsciente e com múltiplos ferimentos. Fabrício morreu ainda no local.
O inquérito do homicídio corre sob sigilo. A Polícia Civil busca novas imagens e depoimentos para esclarecer o crime e apurar se há ligação entre a execução e o esquema milionário da Saúde de Goiânia. Até o momento, ninguém foi preso.
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