Emendas PIX: 45 dos 964 repasses em investigação pela PF foram para Goiás



Das 964 “emendas PIX” que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, determinou à Polícia Federal (PF) investigar, ao menos 45 tiveram Goiás como destino. Juntas, essas indicações parlamentares representam R$ 24 milhões. No entanto, apenas uma delas foi efetivamente liberada.

A decisão do magistrado, divulgada no último domingo (24), aponta repasses que somam R$ 695 milhões destinados a Estados e municípios sem registro de plano de trabalho — documento exigido para garantir transparência e rastreabilidade da aplicação do dinheiro público.

Destino em Goiás

Segundo levantamento do jornal O Popular, 19 parlamentares e ex-parlamentares de Goiás e do Distrito Federal direcionaram emendas a 34 municípios goianos entre 2020 e 2024.

Os valores indicados foram:

  • Vanderlan Cardoso (PSD): R$ 8,3 milhões

  • Flávia Morais (PDT): R$ 2,9 milhões

  • Marussa Boldrin (MDB): R$ 2,7 milhões

  • Elias Vaz (PSB): R$ 1,9 milhão

  • Rubens Otoni (PT): R$ 1,6 milhão

  • Márcio Correa (PL): R$ 1,4 milhão

  • Vitor Hugo (PL): R$ 1 milhão

  • Wilder Morais (PL): R$ 1 milhão

  • Daniel Agrobom (PL): R$ 500 mil

  • José Nelto (União Brasil): R$ 500 mil

  • Célio Silveira (MDB): R$ 433 mil

  • Professor Israel Batista (PSB-DF): R$ 430 mil

  • Adriano do Baldy (PP): R$ 400 mil

  • Luiz Carlos do Carmo (Podemos): R$ 350 mil

  • Magda Mofatto (PRD): R$ 200 mil

  • Professor Alcides (sem partido): R$ 172 mil

  • Alcides Rodrigues (PRD): R$ 150 mil

  • José Mário Schreiner (MDB): R$ 150 mil

  • Glaustin da Fokus (Podemos): R$ 80 mil

Questionados, parlamentares e prefeitos alegaram impedimentos técnicos e mudanças na destinação como justificativa para a não execução dos repasses.

Única emenda liberada

Das 45 emendas, apenas uma chegou a ser liberada: um repasse de R$ 150 mil indicado pelo ex-deputado Alcides Rodrigues ao município de Amorinópolis, em 2021. Segundo o prefeito Gustavo Oliveira (União Brasil), o recurso foi executado em 2023. Ele explicou que, na época, o governo federal exigia apenas um plano de ação anexado ao processo de liberação. O valor foi aplicado em recapeamento asfáltico.

O caso no STF

Na decisão, Dino destacou que, entre 2020 e 2024, houve 964 casos de planos de trabalho não cadastrados, conforme apontou o Tribunal de Contas da União (TCU).

“Trata-se de parcial descumprimento da decisão judicial, evidenciada pela inexistência de planos de trabalho relacionados à destinação de ‘emendas PIX’, que totalizam R$ 694.695.726,00”, escreveu o ministro.

Além da investigação pela PF, Dino determinou que o presidente do TCU, ministro Vital do Rêgo, encaminhe às superintendências da Polícia Federal informações detalhadas de cada caso em até dez dias. Também determinou que a Controladoria-Geral da União (CGU) realize auditoria sobre todos os repasses feitos à Associação Moriá entre 2022 e 2024.

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